FAZER E NÃO FAZER

Por essa razão há poucos critérios inequívocos, e fazer um inventário exaustivo de proibições em geral é inadequado ou excessivamente restritivo. Em regra, uma vez certificados, os mergulhadores norte-americanos amadores são livres de fazer o que quiserem.


No entanto, o estado de saúde de qualquer mergulhador pode mudar ao longo do tempo e, muitas vezes, os mergulhadores não estão cientes de importantes fatores de risco específicos, especialmente aqueles que aparecem nos anos (ou décadas) após a sua certificação inicial. Por esta razão, qualquer avaliação da aptidão para mergulhar deve ter uma função tanto educativa como avaliativa. O encontro deve servir para informar e ajudar os futuros candidatos a tomar consciência de potenciais questões de segurança do mergulho relacionadas com a saúde.
Este artigo de duas partes irá delinear uma estratégia para determinar a condição para mergulhar baseada nos pontos fortes e fracos, físicos e mentais, de cada mergulhador no contexto dos tipos de mergulhos planeados.

Também vai abordar o candidato como potencial membro de uma equipa de mergulho. A primeira parte discute as muitas fontes de informação existentes sobre a aptidão para praticar mergulho e os problemas inerentes à sua utilização. A segunda parte (numa edição futura) cria uma estratégia para a avaliação individual dos mergulhadores. Também discute alguns dos temas mais problemáticos, incluindo certas doenças específicas e condições médicas, e o seu impacto no mergulho.
Legislação existente e recomendações
Porque cada mergulhador é um caso individual, as listas de exclusões médicas são insuficientes para determinar a aptidão médica para mergulhar. No entanto, muitas destas listas existem, e são úteis para rever as políticas de algumas destas organizações de mergulho.
Além disso, mesmo para mergulhadores comerciais e científicos, a aptidão não é regulamentada por lei, mas é auto-regulada pelas diferentes organizações profissionais. Cada organização define os seus próprios padrões de aptidão médica, e eles não são todos iguais. Isso por vezes causa confusão.

Por exemplo, a Guarda Costeira dos EUA e a Occupational Safety and Health Administration (OSHA) têm autoridade reguladora sobre as embarcações de mergulho comercial e suas práticas (OSHA 29 CFR 1910 subparte ?T?, Guarda Costeira dos EUA – 46 CFR 197,200), mas a OSHA não regula quem pode mergulhar, apenas onde e como mergulha e com que apoio.
Na maioria dos mergulhos comerciais, a comunicação de voz com a superfície é exigida por lei. Se ela se perder, o mergulho é terminado. A OSHA determina que seja realizado um exame médico, mas não está estipulado como este deverá ser efetuado ou quais são os resultados.
No mergulho comercial, os detalhes específicos da aptidão médica são deixados para as organizações profissionais. Cada organização tem o seu próprio conjunto de padrões. Por exemplo, a Association of Diving Contractors (ADC), requer um exame médico a cada dois anos para mergulhadores antes dos 35 anos (anualmente após essa idade) e ainda depois de cada acidente de mergulho que requeira hospitalização.
O exame da ADC deve incluir um eletrocardiograma (ECG), testes de função pulmonar (TFP), audiograma, e raios-X de ossos e articulações.
Algumas condições desqualificantes para o ADC incluem convulsões (não-febris na infância – ou seja, induzidas por febre alta), doença pulmonar cavitária, doença pulmonar restritiva ou obstrutiva, incapacidade de compensar seios nasais ou ouvidos, hemoglobinopatias significativas (doenças do sangue como a anemia falciforme), diabetes, doenças psiquiátricas, álcool ou abuso de drogas, deficientes auditivos (35 db <3000Hz) e gravidez.

A American Academy of Underwater Scientists proíbe os seus membros de mergulhar com angina, gravidez, epilepsia, cistos pulmonares e membranas timpânicas com uma camada. O Manual de Mergulho da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) tem ainda uma outra extensa lista que exclui mergulhadores com problemas de pele, psiquiátricos, neurológicos, otorrinolaringológicos, oftalmológicos, orais, pulmonares, cardiovasculares, hematológicos, endócrinos, gastroenterológicos, músculo-esqueléticos e obstétricos.

Deveria ser evidente que as recomendações apresentadas acima estão sempre sujeitas a uma interpretação e podem não servir para avaliar um caso individual. Em sua defesa, a NOAA reconhece o problema e sugere que se houver dúvidas pode-se sempre consultar a DAN. A DAN, no entanto, só pode aconselhar sobre factos médicos conhecidos relacionados com as condições de mergulho, e os médicos e paramédicos na DAN não podem e não tomam decisões médicas individuais acerca da aptidão.
Mergulho Recreativo
O mergulho recreativo é menos regulamentado que o mergulho comercial ou científico. Em todo o mundo, existem muitas outras agências que certificam mergulhadores recreativos e que permitem que eles usem ar pressurizado. Algumas agências de formação, sugerem questionários médicos que todos os alunos devem completar antes da sua participação na formação. Se alguma resposta for um ?sim?, então os alunos são obrigados a receber uma autorização médica assinada para participar na formação de mergulho.

O Recreational Scuba Training Council (RSTC) foi constituído nos Estados Unidos em 1986 para estabelecer padrões mínimos de formação para mergulho recreativo de forma a promover a segurança pública. Embora o RSTC esteja principalmente envolvido na formação, tem um Regulamento Médico, através do qual os mergulhadores são informados de alguns dos potenciais riscos que o mergulho envolve. A declaração inclui um questionário médico, cujo propósito é determinar se um mergulhador deve ser examinado por um médico antes de participar na formação.

Uma resposta positiva a uma pergunta não desqualifica necessariamente os mergulhadores do mergulho. No entanto, significa que existe uma condição pré-existente que pode afetar a segurança durante o mergulho, e são necessários os conselhos de um médico antes de se envolver em atividades de mergulho.
As regras são diferentes fora dos Estados Unidos. No Reino Unido, os mergulhadores não podem receber formação sem um atestado médico ou exame. O UK Sport Diving Medical Committee aconselha o Clube Sub-Aqua Britânico, a Associação Sub-Aqua e o Clube Sub-Aqua Escocês sobre questões de medicina de mergulho, incluindo a avaliação da aptidão para o mergulho.
Esta é conduzida através de uma rede nacional de médicos credenciados com conhecimentos de medicina de mergulho, usando um conjunto uniforme de normas de saúde que são continuamente revistas à medida que novas pesquisas são publicadas. Como a maioria do mergulho no Reino Unido é feito através dos clubes acima mencionados e estes padrões são razoáveis, as regras conseguem ser aplicadas. Apesar da aparente confusão, é possível determinar adequadamente se alguém está medicamente apto para mergulhar.
Sobre o autor:
O Dr. Jake Freiberger é formado em anestesiologia, trauma e medicina subaquática e hiperbárica. Tem um mestrado em saúde pública sobre políticas de gestão ambiental. Trabalha como médico assistente no Centro de Medicina Hiperbárica e Fisiologia Ambiental da Universidade de Duke


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