TÉCNICA DE COMPENSAÇÃO

Em relação ao treino, cabe ao instrutor dar as informações de forma objetiva e fugir de informações vagas tipo Não compense tão forte…, Não está insuflando suficientemente forte…, Compensou demais…,
Não compense na subida…

Das técnicas para compensar, a de Engolir / mover a mandíbula é a mais comum. Ao longo do dia realizamos essa manobra sem nos dar por conta chegando a uma vez por minuto enquanto acordado e uma vez a cada cinco minutos enquanto dormindo. A abertura voluntária da trompa de Eustáquio é uma habilidade rara por isso não deve ser banalizada junto ao aluno que está iniciando o mergulho autônomo.

As infecções que ocorreram durante a infância e o trauma decorrentes delas é um dos fatores relacionados aos medos dos adultos de terem problemas durante o mergulho.

Problemas para compensar podem vir de alergias; substâncias alérgicas, incluindo além dos voláteis os lácteos; rinites, incluindo extremidades frias; obstruções por pólipos ou mesmo desvio do septo nasal; agentes irritantes como o fumo e as infecções de vias aéreas e finalmente, uso prolongado de descongestionantes.

A Manobra clássica , na qual chamamos de Valsalva, recebe o nome por Antonio Valsalva, que a utilizava para curar a Otite purulenta. Perfurando a membrana e realizando a manobra para que o pus saísse da orelha interna..
Para ser utilizada pelo mergulhador ela foi modificada. Deve-se pinçar as narinas e soprar para forçar a passagem do ar pelas trompas de Eustáquio, que desta forma aumentamos a pressão na cavidade nasal, compensando a orelha média. A manobra deve ser realizada como se “soprássemos para dentro da cabeça”. Ele é fácil de explicar, no entanto pode ser exagerada, podendo ser efetiva demais e produzir lesões outras. Portanto ela nunca exceder mais de 5 segundos. Este tipo de compensação pode requerer um esforço respiratório notável que envolva desvantagens inconvenientes do aumento da pressão intratorácica.

Muito menos traumática e igualmente eficiente quando se realiza corretamente, é a Manobra de Marcante-Odaglia, também conhecida como manobra de Frenzel. Esta técnica para o mergulhador, serve da mesma forma que a manobra de Valsalva, para aumentar a pressão da cavidade oro nasal ao soprar para o interior. O propósito é o mesmo. Deve-se fechar as cordas vocais, pressionar o nariz, fazer uma pressão como se fizesse um ?K? elevando a língua. Solicita-se se mova a língua para cima e para baixo, para trás com a parte posterior. O efeito conseguido é o mesmo que da manobra de Valsalva que é o de aumentar a pressão do ar que passa pela Trompa de Eustáquio compensando a orelha média sem realizar um aumento mais intenso da pressão intratorácica. Ela é uma manobra menos traumática podendo ter uma eficácia superior à manobra de Valsalva.
É uma técnica muito simples, porém pode ser de difícil orientação, acabando sendo um pouco difícil de aprender sem ter antes realizado varias tentativas. Vale a pena aprendê-la, pois, na manobra de Valsalva fazendo muita força também podemos ter um aumento da pressão no fluido da orelha interna podendo causar a ruptura de uma estrutura interna (entre a orelha media e a interna) com grave conseqüência para o aparelho auditivo e vestibular (órgão da sensibilidade do equilíbrio). Outra complicação é a possibilidade de manobras intensas causarem hemorragias intraoculares com até mesmo o descolamento da retina.
Outra técnica de manobra de compensação chamada de Tonybee.

A manobra é realizada pressionando o nariz e engolindo. A manobra realiza-se a partir de um movimento de deglutir, como se engolíssemos saliva. Este movimento provoca de forma indireta a abertura da trompa de Eustáquio permitindo a passagem de ar. Esta técnica tem como vantagem ser a menos traumática de todas. Ela permite também a compensação no sentido contrário, ou seja, ao emergir e por isso é considerada bifásica. Ela é muito efetiva para problemas da tuba auditiva e serve também para avaliar a função muscular da abertura do trompa de Eustáquio.

Outras técnicas que se pode usar:

1. Rodar a cabeça, pressionar o nariz e girar rapidamente a cabeça para um lado. É uma maneira de se compensar a orelha oposta.

2. Inclinar a cabeça, não dobrar o pescoço e colocar a “orelha ruim para cima” e daí compensar novamente.

3. Carl Edmonds (1973): colocar a mandíbula para frente e combinar com outras técnicas: inclinar cabeça, Toynbee, Valsalva e Lowry.

4. Christopher Lowry (1981): "Pinçar, assoprar e engolir" . Mais eficiente que Toynbee e é difícil com regulador.

O que fazer se o mergulhador referir dor na descida ou pressurização? Ele deve: DDDDD

D eter a compressão,
D escomprimir 0,5 metros (subir),
D efinir a causa,
D ecidir técnica adequada,
D escomprimir para superfície.

O que fazer se a orelha doer durante a descida? Ele deve: DATF

D éter a descida,
A scender de 1 a 1,5 mts,
T écnicas diferentes ou
F inalizar

Fonte: 2º Curso de Medicina Hiperbárica e Subaquática DAN em Português. Palestra do Dr. Gustavo Mauvecin.


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