ANIMAIS DA ANTÁRTIDA

Por Deborah Zabarenko,

Estrelas-do-mar alaranjadas, peixes-gelo e pepinos-do-mar estão entre as criaturas exóticas encontradas na costa da Antártida em uma área antes coberta por gelo.

Essa foi a primeira vez que os cientistas puderam catalogar a vida selvagem em uma área de 10 mil quilômetros quadrados sobre o mar de Weddel onde antes havia dois gigantescos blocos de gelo.

Com pelo menos 5.000 anos de idade, o primeiro bloco desintegrou-se há 12 anos, seguido pelo outro, em 2002.

O aquecimento global é visto como o culpado pelo desaparecimento dos blocos, disse Gauthier Chapelle, da Fundação Polar de Bruxelas.

“Esse tipo de colapso deve acontecer mais vezes”, previu. “O que nós estamos observando provavelmente ocorrerá em outros lugares na Antártida.”

O derretimento de blocos de gelo não deve contribuir diretamente para a elevação do nível do mar, mas glaciologistas acreditam que eles impeçam o movimento das geleiras através da Antártica em direção à costa. Sem os blocos, as geleiras podem se mover mais rapidamente, e isso contribuiria para a elevação substancial do nível do mar.

Desde 1974, 13,5 mil quilômetros quadrados de blocos de gelo se desintegraram na península Antártica.

Mas o colapso deu aos cientístas uma oportunidade única de ver o que se escondia por trás desses blocos; antes disso, os cientistas podiam apenas observar através de buracos profundos cavados no gelo.

Chapelle e outros cientistas de 14 países viajaram à região no navio quebra-gelo Polarstern em uma expedição que durou dez semanas com o objetivo de investigar a vida submarina na península Antártica, a parte da Antártida que se curva em direção à América do Sul.

Observando a vida a 850 metros abaixo da superfície, eles encontraram uma fauna comumente associada a uma profundidade pelo menos três vezes maior, em lugares onde as criaturas precisam se adaptar à escassez para sobreviver.

Ali, eles encontraram o peixe-gelo azul, com barbatanas dorsais parecidas com hélices giratórias e sangue com poucas células vermelhas, uma adaptação que torna o sangue mais fluido e mas fácil de ser bombeado pelo seu corpo, conservando a energia a baixas temperaturas.

Longilíneas estrelas-do-mar, algumas com mais do que os cinco membros, misturavam-se aos peixes-gelo, e grupos de pepinos-domar foram observados ao mover-se todos juntos, numa mesma direção.

Os exploradores encontraram ainda uma outra espécie, chamada de seringa-do-mar e que se parece com bolsas gelatinosas, que aparentemente começou a colonizar a região apenas após o derretimento das placas.

Entre as centenas de espécies coletadas, os cientistas disseram ter identificado pelo menos 15 possíveis novas espécies de anfípodes e quatro de anêmonas.

Os animais serão analisados para verificar se realmente se tratam de novas espécies descobertas.


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